Popará

quinta-feira, setembro 28

Continuando a limpeza

The Delays - You See Colours

Esse eu peguei porque o Mac colocou a primeira faixa, "You and Me", em uma de suas diversas listas de melhores do ano. A música é bacana, mas não sei o que eu acho de versos como "now this cavalry is coming home" ou "I don't have the will to fight my president or his designs".

Então começa "Valentine" e eu chego à conclusão de que esse letrista gosta muito de idéias e metáforas mirabolantes, mas não é bom nisso.

I can see a hurricane tonight
It keeps from my valentine
This voodoo's doing me harm


Britpop sem malícia. E sem muita graça. O disco tem faixas bonitinhas e a capa é linda, mas não vou sentir falta dele. Tchau.

51 MB pro lixo.


The Fratellis - Costello Music

Esse é pra botar um sorriso na cara. Já falei deles antes, quando eles ainda tinham apenas singles lançados. Agora botaram o disco na praça. Começa com "Henrietta", que é o single. Um bom single. Mas "Flathead", faixa dois, é ainda melhor.

Punk rock orgulhoso da vida de porres e farras. Incorpora aquele espírito de Undertones e Pogues que nem o Libertines soube honrar - não basta louvar a vida suja, é preciso se divertir com ela. E a parte realmente boa é que é fresco mas não adolescente. Eles são um trio; dois deles têm 27 anos e um tem 23. Idade suficiente para fazer música de quem já viveu um pouco.

Poucas faixas fracas no disco. A maior parte é adorável. Toscos, sujos, bêbados... Adoro os Fratellis.

terça-feira, setembro 26

Faxina no HD

Estou com o HD estourando, transbordando. Preciso me livrar de coisas, deletar, arrumar espaço. Fácil. Vamos à pasta "2006" fazer uma limpeza.

The Grates - Gravity Won't Get You High

Oh, mais uma Karen O wannabe. Fico imaginando quando o Brasil vai começar a produzir das suas. Depois da passagem do YYYs pelo Tim Festival, sem dúvida. Daqui a uns meses, vou à Funhouse e lá vai estar ela no palco...

Espera, até que algo pode ser salvo nesse CD. A pasta vai para o lixo. Mas "Lies Are Much More Fun" fica.

50,4 MB liberados.

The Dears - Gang of Losers

Na segunda música eu já quero tirar. É tudo muito grandioso, muito épico e pomposo. E essa voz que lembra muito Damon Albarn (e não Morrissey, pelamor) não me agrada. O disco passa por mim da mesma forma que o primeiro, cansativo, sem deixar nenhuma marca. Mas No Cities Left tinha uma boa faixa lá no final ("22: The Death of All Romance"), então vou ouvindo na esperança de que o feito se repita. É, "You and I Are a Gang of Losers" conquistou minha atenção quando eu já ia desistindo. Mas não o suficiente. Bandinha safada essa... Sub muitas coisas, na sombra de muita gente que faz a mesma coisa bem melhor (Doves basta como exemplo). Vai para a lixeira. E esse vai inteiro.

Mais 60 MB livres.

The London Apartments - Romanticism Aside

Sacanagem, desse eu sei que vou gostar e que ele vai ficar.

Algo de dream pop. Parece bom. Vocais sussurados e mixados lá no fundo, guitarra comendo em um segundo plano, ruídos, um pouco de eletrônica e efeitos à frente.

E olha só, acabo de descobrir que ele está na pasta errada, foi lançado em 2005. Mas existe um EP lançado este mês, Logistics & Navigation. Pensando bem, fui eu que baixei o disco errado. A música que me recomendaram não está nesse álbum, está no EP! Já abri o soulseek. Mas dá para ouvir todas as músicas novas no MySpace.

É a virada dos anos 80 para os 90 rastejando, tímida, de volta. É muita gente que se inspira em Ride, My Bloody Valentine e Spiritualized fazendo música. No caso do London Apartments, eles filtram isso em IDM, Radiohead. Ou melhor, ele filtra. Justin Langlois, de 22 anos, de Ontario.

Esse fica.

quinta-feira, setembro 21

Loft completo


Na Bizz desse mês, saiu uma nota sobre a volta do The Loft – já falei isso aqui.

Essa é a íntegra da entrevista com o guitarrista Andy Strickland.

Como surgiu a idéia de trazer o Loft de volta? Foi difícil se reunir depois do que aconteceu no passado, da briga que os separou?
Nós nos encontramos porque Cherry Red/Revola queria lançar uma nova coletânea, Magpie Eyes, ano passado – vinte anos após a separação. Nós encontramos para beber e discutir o projeto e decidimos procurar algumas faixas não lançadas que tínhamos em velhos cassetes de gravações de shows e fotos antigas para fazer um pacote legal. Eu tenho uma gravação daquele último show no Hammersmith Palais [última apresentação, ao fim da qual a banda se separou], mas não usamos porque trás de volta lembranças ruins. Nisso, percebemos que a gente se dava bem e ninguém mais estava bravo (muita coisa acontece em vinte anos!). E então alguém perguntou “nós vamos fazer alguns shows?” e todos concordaram que devíamos fazer. E correu tudo bem.

Vocês se viam ou mantiveram algum contato durante esses anos?
Não. Bill e eu nós víamos de vez em quando em algum show ou coisa parecida e Bill cruzou com Pete uma ou duas vezes. Só Pete e Dave estiveram juntos no Weather Prophets e trabalharam em outros projetos.

Me fala dos shows desse ano. Como foi tocar essas músicas depois de tanto tempo?
Foram ótimos, especialmente o de Londres no Spitz, em setembro, foi fantástico. Foi natural tocar essas velhas músicas e divertido ouvi-las de novo – mesmo que fossemos nós mesmos tocando. Algumas são mais complicadas do que parecem, em termos de arranjo, e ensaiamos duro para fazer tudo certo. O primeiro show em Brighton foi apavorante, mas no final das contas ainda somos uma ótima banda ao vivo.

Que tipo de público foi assistir vocês? Fãs antigos, gente nova?
Todos os tipos. Velhos amigos, gente que não nos viu nos anos 80 e um monte de novos fãs indies que nos conhecem hoje mas eram jovens demais naquela época.

As canções lançadas em single, “Model Village” e “Rickety Frame”, são realmente novas? Quando elas foram escritas e gravadas?
Assim que começamos a ensaiar, nós também começamos a compor material novo. É como sempre funcionou e é uma sensação ótima criar novas canções do Loft. “Model Village” foi a segunda música trabalhada. “Rickety Frame” é uma canção bem antiga que nunca gravamos, mas mudamos um pouco, atualizamos e Pete alterou alguns versos. É a favorita de muita gente agora. Gravamos cinco músicas no último natal então ainda temos três – “Mad Old Woman”, “Ride” e uma versão nova de “Beware” [gravada por Pete em seu disco solo Submarine] com as quais ainda não resolvemos o que fazer.

O que planejam fazer agora?
Vamos ver como reagem ao single. Se as pessoas se interessarem e quiserem ouvir mais, então podemos tocar mais e lançar essas outras faixas. Mas se não houver muita demanda, não faremos nada. Todos temos outras coisas para fazer e não queremos arrastar isso. O produtor Stephen Street se ofereceu para fazer um álbum com a gente, o que é incrível, mas não faz sentido se for apenas para nós mesmos. Eu acho que tem muita gente fazendo muitos discos hoje em dia.

Há apenas pequenos trechos das músicas no MySpace. Por que? Como você encara os programas de troca de música, essa geração de garotos compartilhando música de graça na internet?
Estamos vendendo o single novo para download pelo site indiestore (www.indiestore.com/theloft) e esperamos que as pessoas comprem. Mas se acabar nos programas de troca gratuita, paciência. Não confiamos na venda desses discos para pagar nossa comida, mas tenho por princípio que músicos devem ser pagos pelo seu trabalho. Estúdios não são baratos, nem cordas de guitarra.

Depois do fim do Loft, uma cena indie se desenvolveu, a Creation cresceu nesse processo. Você acompanhou e gostava das bandas lançadas pelo Creation nos anos seguintes ao fim do Loft? Qual a importância que o Loft teve para a cristalização do “Creation sound”?
Somos chamados de “Godfathers of indie”, mas não acho que outras bandas tentassem soar como nós. A gente apenas ajudou a abrir a porta um pouquinho para quem veio depois. Eu não ouvi muitas coisas da Creation, mas eu amava o Bandwagonesque [Teenage Fanclub] e algumas coisas do Ride. Não sou muito fã de Primal Scream.

segunda-feira, setembro 18

Diálogos pertinentes

Scissor Sisters

- O que deu em você hoje pra ficar ouvindo Bee Gees?
- Não é Bee Gees, mãe. É uma banda nova.
- Por que eles não fazem alguma coisa nova então?

domingo, setembro 17

Motomix

Aquela destruição da bateria no final do show foi só pra eu pagar a língua, né? Mas essa quebradeira teve razão de ser, é o ultimo show da turnê, uma libertação de três anos de trabalho... Tá, páro de dar desculpinha.

O Radio 4 não tocou a Anna Jul... ops, Eyes Wide Open. Deu vontade de pedir o dinheiro de volta.

Muito bom show o do Art Brut. Eddie Argos é um cara que chama atenção no palco justamente por não ter a menor pinta de rock star. Mais para professor de cursinho - daqueles muito inteligentes, com belos diplomas e aparência asseada, mas que quando está em ação sucumbe a tiques e arroubos de loucura. Seu didatismo, falando muito entre as músicas, explicando seus temas, é grande parte da graça, já que o principal atrativo do grupo (suas letras) fica um tanto perdido ao vivo.

O Franz... não sei se escrevo algo sobre o isso. Acho que superou o do Circo Voador em fevereiro, mas pelas conversas pós-show parece que ninguém concorda comigo. Sabe aqueles sete motivos para ver o Franz Ferdinand que o Marcelo colocou na coluna? Eles resumem o que aconteceu lá.
1 - Foi histórico. Para banda, para paulistanos.
2 - Eles estão cansados, mas se mostraram uma banda ainda melhor.
3 - Foi o melhor show da noite disparado. Pena do Radio 4, que teve que tocar depois.
4 - "Outsiders" com a participação de Annie, Art Brut e Radio 4 não acabava nunca, num clímax de muitos minutos, e o rosto começava a doer com o sorriso que não saía da cara.
5 - Eles encerraram a turnê com atitudes (dar instrumentos embora, destruir a bateria) e caras de quem cumpriu uma missão com muito prazer, mas estava doido para ir para casa.
6 - Alex Kapranos é tudo aquilo, eu não avisei?
7 - O coro de "Walk Away" foi o mais alto e mais bonito.

É duro ter que ficar repetindo que eles são os melhores. Mas seguirei, incansável, fazendo isso enquanto for preciso (ou enquanto for verdade).

sexta-feira, setembro 15

Revistas nas bancas

Chegaram às bancas ao mesmo tempo duas revistas com textos meus.

A nova Bizz, com John Lennon na capa, tem uma notinha muito, muito indie sobre a volta do Loft com entrevista com Andy Strickland, o guitarrista. Demorou para sair, mas saiu. É a campanha "anorak is not dead" invadindo a grande imprensa.

Já a Rock Life traz um guia para os festivais desse segundo semestre. O que ver, por que ver, histórias das bandas. Tenho uma participação nesse guia e escrevi mais algumas resenhas. E já que o Mac entregou na coluna dele, conto aqui também que esse foi o último número da RL com a nossa participação. A equipe que entrou na revista poucos meses atrás (Alex Antunes, Mac, Katia Abreu, eu e mais uma porção de bons colaboradores) já está de saída para deixar que a revista volte a focar no metal. Foi uma experiência bacana, enquanto durou. Obrigada pelo apoio de sempre.

quinta-feira, setembro 14

Rebeldia

Por outro lado, tenho minhas dúvidas. Afinal, roqueiros comportados, que andam bem vestidinhos, de cabelo alinhado e que, além de tudo, se preocupam se as garotas estão se divertindo e dançando enquanto eles tocam, não podem deixar de ser um desenlace triste para a tradição de contestação e rebeldia que orienta o mundo da música jovem há tantas décadas.

Pense bem, o que será que Kurt Cobain, aquele que gritava até rasgar os pulmões e quebrava instrumentos no palco bem ao estilo The Who, diria ao aristocrático e quase feminino Kapranos? Faça suas apostas!

Isso é o fim da coluna da Sylvia Colombo hoje na Pensata.

Até quando o rock vai ficar associado a esse tipo de comportamento estéril e adolescente? Não vejo a menor graça ou qualquer sentido em quebrar equipamentos no palco sem motivo, por "rebeldia". Porque já foi feito, porque em 99% dos casos é um gesto vazio, porque é coisa de músico mimado que vai ter uma guitarra novinha em folha esperando por ele na próxima esquina.

Outro dia no Top of the Pops, o vocalista/guitarrista do McFly (uma bandinha bem picareta) tocou em pé em um piano de cauda. Oh, que rebelde. Tinha um ampli estrategicamente posicionado ao lado do piano para facilitar a escalada, obrigado, produção.

Por isso que eu evito ao máximo dizer que eu gosto/ouço/escrevo sobre rock. Meu barato é música pop, e isso engloba muita coisa – tudo que me interessa no rock cabe aí dentro e ainda sobra espaço pra uma tonelada de outros sons. Quem gosta de guitar heroes, que fique com eles para si. Torço pra que o mundo seja liberto de Cobains que gritam e quebram instrumentos. Raconteurs é a grande banda de rock do ano e não precisa de nada disso para ser boa e relevante e honrar qualquer tradição. E se ela diz que o FF são caras alinhados é porque ela não viu o show no Circo Voador.

Por mim, os Cobains podem todos se dar belos tiros em suas cabeças.

Dando pitaco em coluna alheia

O Mac queria sete motivos para convencer as pessoas a irem ver o Franz Ferdinand no sábado e pediu a minha ajuda. Foi fácil, extremamente fácil. O resultado tá na coluna Revoluttion de hoje.

Além de colocar lá os meus três argumentos, o tratante Marcelo Costa ainda entregou que eu acho o Alex gacto, opinião confidenciada em um email. Não se pode mesmo confiar nos homens... :o)

domingo, setembro 10

A vida é boa para mim

Não teve o show da Graforréia.

Vou ser poupada de toda a inveja e o arrependimento.

Campari Rock e a Filarmônica do Bom Fim

A vida é assim, cheia de clichês. Um deles é o de que num dia a gente ganha, no outro, perde. Na quarta eu tive um pouco de cada. Ganhei o show do ano no Via Funchal, obrigada Gang of Four, mas perdi um pouco da estima que tinha por Cardigans.

A banda não funciona ao vivo, o show foi cansativo e - vou ter que concordar com a voz do povo – um pouco chato. Confirmou a superioridade das músicas dos últimos dois discos (“I Need Some Fine Wine...” ficou boa ao vivo e “You’re the Storm” e “Communication” são lindas em qualquer contexto), mas foi uma apresentação morna, pouco inspirada, burocrática. Nada memorável.

Já o Gang of Four veio para deixar muito mais difícil o trabalho de quem vai tocar no Motomix no próximo sábado. Ficou ainda mais óbvia a diluição que é esse revival pós-punk, a falta de consistência das bandas atuais, a frouxidão dos novos sons e o quanto eles são perecíveis. Eu estou cansada da cena atual, podemos passar para a próxima?

Perdi outra coisa ontem: a Graforréia Xilarmônica no CB. A vontade de ir era imensa, mas o corpo implorava por descanso; cedi. Tenho certeza de que vou ouvir uma porção de elogios e comentários que vão me afundar em inveja e arrependimento. Mas a vida é assim, não se pode ter tudo.

terça-feira, setembro 5

Cardigans

Olha só, quase me esqueço.

Entrevista com o Cardigans para a Bizz, aqui.

Amanhã o bicho pega.

Guillemots - Through The Windowpane

Essa é a resenha que vai estar na próxima Rock Life, que deve chegar às bancas nos próximos dias.

***

Eles foram considerados uma das promessas inglesas para 2006 e não desapontaram: fizeram de sua estréia um dos melhores discos do ano. Through the Windowpane tem um pé no progressivo e outro num pop um tantinho esquisito, pós-Radiohead e pós-Bjork, feito de climas, silêncios e cantos de pássaros engolidos por barulheiras repentinas. E perdidos no meio de tudo isso, quatro minutos que recorrem à eletrônica para fazer dançar sem culpa sobre versos doridos (“Annie, Let’s Not Wait”). Estão aqui os dois hits: a deslumbrante “Made Up Love Song #43” e “Trains to Brazil”, um exuberante libelo pacifista que ganhou esse nome em homenagem ao brasileiro morto pela polícia britânica no metrô de Londres por suspeita de terrorismo. Esta e outras referências ao país são explicadas pela presença de um brasileiro no grupo, que de inglês só tem o vocalista e tecladista Fyfe Dangerfield. A canadense com formação de jazz Aristazabal Hawkes toca contrabaixo acústico, o batera Rican Caol é escocês e de guitarra, furadeira e máquina de escrever quem cuida é MC Lord Magrão, saído da cena noise paulistana. Reunião tensa de nacionalidades, gêneros, estilos, o Guillemots é um grupo na corda bamba – que assim vai passando graciosamente por cima de todo o resto.

***

Aproveita e vai conhecer o site da banda. Não tem muito conteúdo, mas é uma beleza.

segunda-feira, setembro 4

Ten days of perfect tunes

Não consigo parar de ver isso.

Comercial da Sony embalado por versão de José González para "Heartbeats", música do The Knife (suecos, suecos):

sábado, setembro 2

02/09

Setembro começou ontem e choveu a tarde toda. Continua chovendo hoje. Hoje é meu aniversário. Vai chover o resto do dia, eu sei.

Quando eu nasci, choveu durante 17 dias seguidos. Só conheci o sol no meu 18º dia de vida. Dá para entender agora por que eu ouço tanta música melancólica?

sexta-feira, setembro 1

Notirt

Há umas duas semanas eu voltei a colaborar com o Notirt, site de dicas bacanas de música, artes, tranqueiras internéticas em geral.

Entra lá, clica nos links e se cadastra pra poder comentar. É fácil e a gente tá caprichando nas dicas...