Na
Bizz desse mês, saiu uma nota sobre a volta do The Loft – já falei isso aqui.
Essa é a íntegra da entrevista com o guitarrista Andy Strickland.
Como surgiu a idéia de trazer o Loft de volta? Foi difícil se reunir depois do que aconteceu no passado, da briga que os separou?Nós nos encontramos porque Cherry Red/Revola queria lançar uma nova coletânea,
Magpie Eyes, ano passado – vinte anos após a separação. Nós encontramos para beber e discutir o projeto e decidimos procurar algumas faixas não lançadas que tínhamos em velhos cassetes de gravações de shows e fotos antigas para fazer um pacote legal. Eu tenho uma gravação daquele último show no Hammersmith Palais [última apresentação, ao fim da qual a banda se separou], mas não usamos porque trás de volta lembranças ruins. Nisso, percebemos que a gente se dava bem e ninguém mais estava bravo (muita coisa acontece em vinte anos!). E então alguém perguntou “nós vamos fazer alguns shows?” e todos concordaram que devíamos fazer. E correu tudo bem.
Vocês se viam ou mantiveram algum contato durante esses anos?Não. Bill e eu nós víamos de vez em quando em algum show ou coisa parecida e Bill cruzou com Pete uma ou duas vezes. Só Pete e Dave estiveram juntos no Weather Prophets e trabalharam em outros projetos.
Me fala dos shows desse ano. Como foi tocar essas músicas depois de tanto tempo?Foram ótimos, especialmente o de Londres no Spitz, em setembro, foi fantástico. Foi natural tocar essas velhas músicas e divertido ouvi-las de novo – mesmo que fossemos nós mesmos tocando. Algumas são mais complicadas do que parecem, em termos de arranjo, e ensaiamos duro para fazer tudo certo. O primeiro show em Brighton foi apavorante, mas no final das contas ainda somos uma ótima banda ao vivo.
Que tipo de público foi assistir vocês? Fãs antigos, gente nova?Todos os tipos. Velhos amigos, gente que não nos viu nos anos 80 e um monte de novos fãs indies que nos conhecem hoje mas eram jovens demais naquela época.
As canções lançadas em single, “Model Village” e “Rickety Frame”, são realmente novas? Quando elas foram escritas e gravadas?Assim que começamos a ensaiar, nós também começamos a compor material novo. É como sempre funcionou e é uma sensação ótima criar novas canções do Loft. “Model Village” foi a segunda música trabalhada. “Rickety Frame” é uma canção bem antiga que nunca gravamos, mas mudamos um pouco, atualizamos e Pete alterou alguns versos. É a favorita de muita gente agora. Gravamos cinco músicas no último natal então ainda temos três – “Mad Old Woman”, “Ride” e uma versão nova de “Beware” [gravada por Pete em seu disco solo Submarine] com as quais ainda não resolvemos o que fazer.
O que planejam fazer agora?Vamos ver como reagem ao single. Se as pessoas se interessarem e quiserem ouvir mais, então podemos tocar mais e lançar essas outras faixas. Mas se não houver muita demanda, não faremos nada. Todos temos outras coisas para fazer e não queremos arrastar isso. O produtor Stephen Street se ofereceu para fazer um álbum com a gente, o que é incrível, mas não faz sentido se for apenas para nós mesmos. Eu acho que tem muita gente fazendo muitos discos hoje em dia.
Há apenas pequenos trechos das músicas no MySpace. Por que? Como você encara os programas de troca de música, essa geração de garotos compartilhando música de graça na internet?Estamos vendendo o single novo para download pelo site indiestore (www.indiestore.com/theloft) e esperamos que as pessoas comprem. Mas se acabar nos programas de troca gratuita, paciência. Não confiamos na venda desses discos para pagar nossa comida, mas tenho por princípio que músicos devem ser pagos pelo seu trabalho. Estúdios não são baratos, nem cordas de guitarra.
Depois do fim do Loft, uma cena indie se desenvolveu, a Creation cresceu nesse processo. Você acompanhou e gostava das bandas lançadas pelo Creation nos anos seguintes ao fim do Loft? Qual a importância que o Loft teve para a cristalização do “Creation sound”?Somos chamados de “Godfathers of indie”, mas não acho que outras bandas tentassem soar como nós. A gente apenas ajudou a abrir a porta um pouquinho para quem veio depois. Eu não ouvi muitas coisas da Creation, mas eu amava o
Bandwagonesque [Teenage Fanclub] e algumas coisas do Ride. Não sou muito fã de Primal Scream.