Eu já não gosto de discos ao vivo porque eles perdem demais em relação à experiência de estar em um show, então dá pra imaginar o que eu penso sobre assistir a um show pela tv. Mas sábado vi os Stones, porque não estava com disposição pra enfrentar aquela muvuca, e acabo de ver o U2, porque não tinha 200 reais sobrando.
E se no sábado não consegui me envolver de verdade, essa noite tenho que admitir que me emocionei. A interação do Bono com o público é extraordinária. E ainda que as músicas mais novas não sejam grande coisa, esse show é melhor que o da turnê Popmart, mais sóbrio e sério. Bom, ele já saía na frente só pela ausência do limão. Além disso, tem jogos de cena mais interessantes, como a caminhada cega do Bono.
A sequência Zoo Station / The Fly / Misterious Ways foi o ponto alto do show. O telão, frenético, com frases desconexas e incompletas e imagens tentando resgatar o espírito e o ritmo da Zoo TV pareciam um consolo pra quem não conseguiu ver aquela turnê cara a cara. Funcionou um pouquinho.
Mas a apresentação teve uma porção de momentos dispensáveis. O Bono está um demagogo cada vez pior. O puxa-saquismo pra cima do Lula e do Ronaldo passaram da conta. Sua tentantiva de substituir o Pavarotti foi vergonhosa. E a banda precisa mudar o set list, dar um descanso a algumas músicas e recuperar outras.
O mais inesperado pra mim foi ver que estava lá um público renovado, tão jovem quanto aquele que foi ver a banda em 98. Eu reluto em aceitar, mas é verdade, o U2 continua angariando fãs novos. Fãs que sabem de cor as letras de todas as faixas do último disco (que eu não ouvi) mas não se empolgam com The Fly (uma das melhores músicas da banda). E, mais preocupante, não reagem a Norwegian Wood.
Talvez amanhã eu veja por outro ângulo e tenha impressões diferentes, mas ainda não é certo. Por enquanto eu dou nota 7,75.