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sexta-feira, novembro 3

Leonard, o coadjuvante

Contra todas as minhas previsões, acabei conseguindo assistir ontem Leonard Cohen - I'm Your Man, documentário que estava sendo exibido na Mostra de São Paulo. Até onde eu sei, esta seria a última exibição, então até acordei cedo e corri pro Reserva Cultural.

E depois de uma longa espera (foram meses aguardando o anúncio da seleção da Mostra, e depois mais uma horinha e pouco ali em torno do cinema), saí bastante decepcionada da sessão. Do que se diz que foi uma longa entrevista com o compositor canadense, poucos minutos são mostrados. O filme gasta a maior parte do tempo (uns 4/5, mais ou menos) mostrando intérpretes que não conhecemos e alguns poucos conhecidos se esforçando para estragar canções que não mereciam ser tratadas daquela forma. Nick Cave e Jarvis Cocker, ótimos, fazem as apresentações que se salvam.

Que Leonard tem um talento raro eu não preciso explicar aqui - e certamente não precisava que o Bono me dissesse também. É um deleite vê-lo na tela, falando calmamente com aquela voz grave, cheio de humildade, de lembranças que o fazem sorrir. Ele fala lentamente, como se pensasse muito em cada palavra, e com isso produz frases que pairam no ar muito tempo depois de terem sido ditas - mas ei, elas estão quase todas no trailer.

Será que é pedir demais que se tenha mais Leonard Cohen e menos Martha Wainwright nesse documentário? Quanto ao irmão dela, o Rufus, que tem uma voz linda, não entendeu que o verso final de "Chelsea Hotel #2" ("That's all, I don't even think of you that often") não é para ser gritado e esticado, e sim jogado com displicência, como se não ligasse mesmo. Ah, esse meu ciúme de músicas que não são minhas...

3 Comments:

  • Esse é o problema com esse tipo de documentário. Li uma crítica gringa que falava exatamente o contrário, que o cara preferia ouvir as músicas ao ouvir as histórias. Eu tô mais com você, mas a partir do momento que o diretor se preocupa em fazer um documentário que mescle tudo isso, ele tem várias dificuldades pela frente. E muitas críticas também.

    Quanto às versões, é "só" um pouquinho difícil igualar as originais. E não precisava terminar daquele jeito, o que até eu (e acho que você sabe pq friso o "até eu" aqui) acho um desserviço ao cinema e à música pop. O triste de se dar tão bem é que ser ridículo perde o impacto.

    By Anonymous Anônimo, at 6:48 PM  

  • até o Rufus nesse documentário?
    Gosto dele, mas o cara tá mais pra Scissor Sisters, né? :)
    Em música bacana ele periga de escorregar mesmo.

    By Blogger Olivia, at 6:35 AM  

  • Ju, se você gosta do Rufus, procura a versão dele pra "I'll Build A Stairway To Paradise", dos Gershwin, que ele gravou pra trilha d'O Aviador. É muito boa :)

    By Blogger J.L., at 7:57 PM  

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